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Dom José Antônio dos Reis

Dom José Antônio dos Reis, nasceu em São Paulo e foi o primeiro bispo da Diocese de Cuiabá, destacado por seu trabalho pastoral e social em prol da paz e do desenvolvimento humano na região. Filho de Francisco Mendes de Oliveira e Ana Maria Franca, ele representou uma infância marcada pela pobreza e pela orfandade, recebendo o apoio de Dom Mateus de Abreu Pereira, que o incentivou a seguir a vocação sacerdotal. Foi ordenado padre em 7 de abril de 1821, e, paralelamente à sua vida religiosa, iniciou os estudos de Direito na primeira turma da Academia de São Paulo, formando-se em 1832.

Sua participação como bibliotecário da Biblioteca do Convento dos Franciscanos, posteriormente anexada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o torna reconhecido como o primeiro bibliotecário público da cidade. Além disso, participou do Conselho Geral da Província de São Paulo e contribuiu para a organização e categorização dos livros, promovendo o acesso ao conhecimento. Em 1831, ainda durante seus estudos, foi nomeado pela Regência Trina, em nome do Imperador Dom Pedro II.

Dom José Antônio dos Reis foi fundamental na pacificação da Rusga, um conflito violento entre colonizadores portugueses e moradores locais em Cuiabá. Com coragem, ele caminhava pelas ruas da cidade com um crucifixo em mãos, mediando a paz e salvando vidas em meio ao confronto armado. Como primeiro bacharel em Direito a ser elevado ao episcopado no Brasil, trouxe uma perspectiva de conciliação e justiça que marcou seu episcopado. Em 1858, fundou o Seminário da Conceição, promovendo a formação dos futuros sacerdotes com ênfase em filosofia e teologia, além de fortalecer os conhecimentos dos párocos da região.

A serviço do povo durante a Guerra do Paraguai e a epidemia de varíola de 1867, Dom José transformou uma casa paroquial e o seminário em hospitais, dedicando-se ao cuidado dos enfermos. Conhecido por seu espírito abolicionista, participou de ações em favor da liberdade dos escravizados, incluindo uma cerimônia em 1872, onde 62 escravos receberam sua alforria. Agraciado com a Imperial Ordem de Cristo, faleceu em Cuiabá em 11 de outubro de 1876, após 44 anos de episcopado, e foi sepultado na cripta da Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus, onde seu legado permanece vivo na história da Arquidiocese de Cuiabá até hoje. Dom José é patrono da cadeira n.º9 da Academia Mato-grossense de Letras.

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