Em 2025, completam-se dez anos desde a promulgação da encíclica Laudato Si’ (2015), o documento do Papa Francisco que se tornou referência global para o cuidado ambiental, a justiça social e a ecologia integral. Nestes anos, seus ensinamentos têm sido propagados por comunidades, igrejas, instituições acadêmicas e governos. Agora, sob o pontificado do Papa Leão XIV, esse legado volta à tona com nova força, num contexto de emergência climática que exige decisões práticas e compromisso ético.
Desde sua eleição, o Papa Leão XIV tem reiterado a importância da ecologia integral, tema central de Laudato Si’. Em maio de 2025, por exemplo, ele recordou nas redes sociais o papel profético da encíclica, que “chama a renovar o diálogo sobre como estamos construindo o futuro do planeta, unindo-nos na busca por um desenvolvimento sustentável e integral, e comprometendo-nos a proteger a casa comum que Deus nos confiou.”
Além disso, o Papa presidiu a Conferência Espalhando Esperança (“Raising Hope”), em Castel Gandolfo, num evento que marcou o décimo aniversário da encíclica. No discurso de abertura, ele insistiu que não basta manter discursos ou dados científicos — é imprescindível uma conversão ecológica, uma transformação de vida pessoal e comunitária que se traduza em atitudes concretas.
Instituições acadêmicas também não ficaram à parte. O Papa enviou mensagens a redes universitárias comprometidas com o cuidado da “casa comum”, convidando ao discernimento sinodal — ou seja, participação conjunta — em preparação para fóruns globais, como a COP30.
A COP30, prevista para ocorrer entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém do Pará (Brasil), aparece como uma das grandes oportunidades para unir ciência, política, fé e sociedade civil em torno de compromissos climáticos mais firmes.
Também o Cardeal Spengler confirmou o convite ao Pontífice, lembrando que o governo brasileiro já havia enviado convite oficial e que há uma consciência, por parte da Igreja, da importância de sua participação.
Embora o convite seja público e o reconhecimento do papel moral da Igreja seja forte, permanece em aberto se Papa Leão XIV poderá aceitar participar pessoalmente da COP30, dado o conflito de agendas, incluindo o Jubileu de Roma previsto para o fim do ano, além de outros compromissos internacionais.
Há também uma expectativa no meio católico, entre comunidades indígenas, movimentos ecológicos e lideranças acadêmicas, de que a COP30 não seja apenas mais uma conferência de discurso, mas o ponto de virada em ações concretas — políticas públicas, financiamento para mitigação e adaptação, justiça climática e compromisso global. A Igreja, com sua capilaridade e autoridade moral, aparece como um ator-chave para impulsionar essa mudança.