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Janeiro Branco

Poema: Janeiro Branco

É janeiro, e o branco se faz pauta,
não como ausência, mas como tela.
Na vastidão de um céu de calma,
pintamos a alma que em nós revela.

Saúde mental não é sussurro,
é grito que pede escuta e cuidado.
Não é fraqueza, nem muro,
é ponte que precisa ser atravessado.

Quem nunca se perdeu no próprio peito,
quem nunca viu sua luz vacilar?
Há mundos inteiros em nosso leito,
há oceanos que precisamos navegar.

O silêncio pode ser armadilha ou refúgio,
mas na conversa, a cura se desvela.
Cada palavra é um passo, um arrulho,
um caminho que a paz nos revela.

Não há vergonha em chorar por dentro,
não há fraqueza em pedir abrigo.
Há coragem em enfrentar o vento,
em fazer do outro nosso amigo.

Janeiro branco, convite à reflexão,
a cuidar do invisível, do que pesa e toca.
Na mente, onde as tempestades são,
cultivemos flores, abramos a porta.

Pois saúde é mais que o corpo em vigor,
é alma que respira, é calma que grita.
É reconhecer na dor seu valor,
e dar ao sofrimento uma escuta bendita.

Que neste mês, o branco nos ensine:
a acolher, a ouvir, a sentir.
E que na jornada que o outro define,
sejamos faróis, porto, lugar para existir.

Texto: Padre e Dr. Rosimar Dias

Diretor-fundador do Instituto dell’Anima, sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá e Doutor em Psicologia Clínica pela Illinois School of Professional Psychology, Argosy University (EUA), e pós-doutor em Psicologia Clínica pela Catholic Charities of the Diocese of Arlington (EUA) e em Psicologia da Religião pela Universidade Católica de Brasília.

 

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