O advento é tempo de piedosa espera da visita salvadora de Jesus Cristo ao mundo. Corresponde ao período das quatro semanas de intensa preparação espiritual, marcada pela singeleza litúrgica e motivada pelo vibrante refrão: “Vem, Senhor, vem nos salvar, com teu povo vem caminhar”. A espiritualidade do advento, especialmente as celebrações eucarísticas dominicais e a novena do Natal, traça um caminho espiritual de preparação para o Natal do Senhor.
Converter-se e acolher Jesus é seguir uma estrada cujo fim realiza o mais profundo desejo do coração humano: amar a Deus, que nos amou primeiro. Nas duas primeiras semanas as leituras bíblicas tratam da segunda vida de Jesus no fim dos tempos, teologicamente chamada de “Parusia”, palavra de origem grega assumida pelo novo testamento para designar a chegada triunfal de um Rei, magistrado ou autoridades em alguma cidade ou local.
O advento é preparação para a chegada triunfal Daquele que é o Rei dos Reis: o Senhor Jesus. Por isso, as duas primeiras semanas é chamada de advento escatológico. Nas duas últimas semanas as leituras bíblicas tratam da primeira vinda, isto é, do nascimento de Jesus propriamente dito, chamadas de advento natalício. A tradicional coroa do advento, neste tempo litúrgico, manifesta o belo simbolismo da vitória da luz sobre as trevas.
Disse o grande profeta messiânico Isaias: “O povo que andava escuridão viu uma grande luz” (Is 9,1). Jesus é a luz da humanidade. Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de Deus para conosco. Eis aqui algumas atitudes que nos ajudarão na preparação de uma digna, santa e frutuosa festa natalina. A primeira atitude é de Oração. A oração abre-nos, por Cristo, em Cristo e com o Espírito Santo, à contemplação do rosto do Pai, colocando-nos em comunhão e sintonia com a Trindade.
Recomendamos, vivamente, a novena do Natal em família, nos grupos de reflexão, expressão belíssima de oração familiar. A segunda atitude é a da reconciliação. É a reconciliação com Deus-Trindade e reconciliação com as pessoas mais próximas: familiares, parentes, amigos e colegas de trabalho. Vamos celebrar o Natal livre dos ressentimentos, das mágoas, do rancor e do ódio.
Disse o grande líder, que combateu arduamente a segregação racial, Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor da sua pele, da sua origem, sua ideologia ou da sua religião. Assim, como a pessoa aprende a odiar, deve, também, aprender a amar.” A terceira atitude é a caridade. O tempo do advento é propício para o exercício da solidariedade e amor fraterno para com as pessoas mais necessitadas e sofredoras. Gestos de solidariedade enobrecem a alma humana. No tempo do advento, a Igreja no Brasil realiza, também, a campanha da evangelização. Este ano tem como tema: “Hoje, é preciso que eu fique na tua casa” (Lc 19,5). Esta iniciativa busca mobilizar os católicos para a corresponsabilidade na sustentação das atividades evangelizadoras da nossa Igreja e tem como ponto alto a coleta realizada nas comunidades, no terceiro Domingo do advento (13 e14/12).
Preparemos bem para mais este Natal, e que a onda consumista não nos afaste do verdadeiro Natal.
Padre Deusdedit Monge, vigário geral da Arquidiocese de Cuiabá e Cura da Catedral Basílica Senhor Bom Jesus de Cuiabá
